Artigo publicado na “Revista Visão” on-line em 24 de Abril de 2016
Muitos de nós nos damos a pensar que melhor podemos dar aos nossos filhos, como melhor prepará-los para a adversidade que a vida nos impõe, esta Luta!
Eu em particular, que tive recentemente uma segunda filha não deixo de ansiar que, no essencial, seja uma Campeã, não uma campeã Olímpica em particular, mas uma campeã para vida. Não é o que realmente ambicionamos? E no meio destes desejos o que podemos realmente fazer é pensar que um campeão é quem vê o futuro e prepara-se, treinando para ele, Hoje.
Treinar é o paradigma que falta na cultura dos nossos mais novos, de acordo com os pressupostos que já anunciamos, entre outros, no artigo anterior. Sem essa visão de treino nenhuma educação será completa, quando o velho ditado diz “de pequenino se torce o pepino” a sabia cultura ancestral está exatamente a referir-se ao treino para aquisição de hábitos de sucesso, a disciplina, objectivo e método que nos preparam para o Querer é poder e Aprender, crescer, ganhar (palavras de ordem que a minha filha mais velha e todos os meus alunos usam para enfrentar cada desafio do dia-a-dai)! Esta simples lógica pode verdadeiramente mudar o percurso do seu mini campeão de trazer por casa. Nós pais, educadores, Mestres da vida, não somos mais do que treinadores guiando-os para objetivos por eles desejados (não por nós!). E a Escola, é o clube onde eles podem treinar grande parte desse processo de transformação.
Esta é a minha convicção e experiência, a escola tem de ser na sua base um local para formar campeões, para que esse desígnio se concretize, a analogia ao treino é sempre necessária. O grau de exigência para a superação, necessidade de auto-conhecimento (como defende Sócrates) e a capacidade solidária de desempenhar no grupo ou organização, estão muito acima das grandes premissas dos currículos a cumprir. À que cultivar a experiências e não apenas as notas sem contexto, a que incutir hábitos de saber gerir, sentir, inovar, explorar e comunicar com o corpo , mente e espirito para o mundo que vem no futuro.
Posto isto, assisti com satisfação o desenrolar dos trabalhos na Assembleia da República, com o Ministro da Educação a desejar trocar o culto da notas pelas experiências para o sucesso no primeiro ciclo, poderá ser este um pequeno passo para esta revolução que precisamos? Acredito que sim, até porque este ministro viveu de muito perto o impacto supremo do treino nos Jogos Olímpicos de Londres onde fez parte da missão Olímpica Portuguesa que eu sub-chefiei.
Entretanto, votos de bons treinos para todos, pequenos e graúdos!